13 de novembro de 2008

5.º aniversário de JNPDI: tudo sobre a festa no Centro Cultural de Belém!

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Foto: Rosa Reis

As várias actividades jazzísticas que nos têm ocupado desde Outubro explicam que só agora nos seja possível fazer uma reportagem sobre o concerto de comemoração do 5.º aniversário deste blogue (que obviamente não podíamos deixar passar em claro), o qual teve lugar no passado dia 1 de Outubro, no pequeno auditório do Centro Cultural de Belém.

Convidamos, pois, os nossos leitores a realizarem connosco uma visita guiada a este evento marcante na vida de JNPDI!, reportagem que completa a que aqui publicámos anteriormente sobre os ensaios para este espectáculo.


17h30: Soundcheck


Tudo começou, como é costume em qualquer espectáculo musical, com o soundcheck, momento em que os músicos se encontram em palco para testar e afinar o som e a luz com os técnicos especializados. Este é um passo crucial para garantir que durante o concerto o som projectado para a sala e para os músicos (através dos monitores, colunas que permitem que cada música se ouça em palco) é de qualidade e no volume adequado e que as luzes realçam o que se passa em palco.

Cada músico testa e ajusta separadamente o seu som com os técnicos e, normalmente, também em conjunto, para averiguar que o ensemble se encontra correcta e equilibradamente amplificado.

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João Moreira Foto: JNPDI!/JMS

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Filipe Melo Foto: JNPDI!/JMS

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Bernardo Moreira Foto: JNPDI!/JMS

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Bruno Pedroso Foto: JNPDI!/JMS

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Foto: JNPDI!/JMS

Testado o som da secção rítmica e do solista convidado, é tempo de entrarem em cena as vozes, que neste concerto eram três, o que torna a tarefa mais complexa no soundcheck.

A primeira voz a testar e afinar o seu som foi a cantora Maria Viana.

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Maria Viana Foto: JNPDI!/JMS

Seguiram-se Maria João e Sheila Jordan, que se cruzaram em palco pela primeira vez neste concerto, embora a sua relação remonte já ao início dos anos 90, na Austria. Assim sendo, além do teste de som, foi necessário fazer um ensaio do tema que decidiram interpretar em duo: "I remember you".

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Maria João e Sheila Jordan Foto: JNPDI!/JMS

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MJ, SJ, João Farinha (piano) e BM Foto: JNPDI!/JMS

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MJ, SJ e João Farinha Foto: JNPDI!/JMS

Ora vamos lá experimentar o "I remember you" à primeira vista e sem qualquer ensaio prévio. Faça-se música!



Ajustado o som individual de cada cantora, é agora hora de afinar o som das três vozes.

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Maria João, Sheila Jordan e Maria Viana Foto: JNPDI!/JMS


20h00: relaxando nos bastidores



Entre o relax e a descontração, sempre sob o olhar atento da direcção de cena do CCB, é tempo de os músicos se prepararem para o concerto.

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Foto: Rosa Reis

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Foto: Rosa Reis

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Foto: Rosa Reis

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Foto: Rosa Reis

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Foto: Rosa Reis

Cantar em duo pressupõe muitos acertos e nesta ocasião ainda se trabalha nos últimos detalhes...

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Foto: Rosa Reis

O mesmo se aplica aos instrumentistas, que vão subir ao palco dentro de minutos com apenas um ensaio breve na véspera... mas o jazz há-de se encarregar de fazer magia em cena.

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Foto: Rosa Reis

Entretanto e enquanto o público vai chegando ao CCB, é tempo da maquilhagem... O jantar, esse, vai ter de esperar por depois do concerto. Vida de músico é assim mesmo.

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Foto: Rosa Reis


20h45: aquecimento


O espectáculo está prestes a começar e é preciso aquecer...

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Foto: Rosa Reis


21h00: let the show begin!


A primeira "vítima" a entrar em palco é o autor de JNPDI!, a quem cabem as honras de abertura do espectáculo que visa celebrar o quinto aniversário deste blogue.

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Foto: Rosa Reis

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Foto: Rosa Reis

Após umas breves palavras sobre a fundação de JNPDI! (ver texto no final deste post), é tempo de homenagear a equipa que tem trabalhado no projecto desde 2003 (Miguel Mendes: designer) e Mário Silva (web strategy) e, sobretudo, aquele a quem se devem as imagens que permitem contar quatro importantes décadas da história do jazz em Portugal: Augusto Mayer.

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Foto: Rosa Reis

Na placa que lhe foi atribuída por JNPDI! pode ler-se:

Augusto Mayer, amador de jazz e entusiasta da fotografia a quem se devem as primeiras imagens deste género musical em Portugal nas décadas de 40, 50, 60 e 70, retratos de uma história que, sem o seu contributo, seria apenas uma ténue e desfocada memória. Homenagem do blogue Jazz no País do Improviso! Centro Cultural de Belém, 1 de Outubro de 2008.

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Foto: Rosa Reis

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Foto: Rosa Reis

É agora tempo de dar ao público aquilo que o traz ao Centro Cultural de Belém: bom jazz! É aqui que as nossas palavras deixam de ser necessárias já que a música fala por si nos seguintes vídeos.

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Foto: Rosa Reis

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Foto: Rosa Reis



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Foto: Rosa Reis



E que dizer deste impressionante "Autumn in New York" e das belíssimas intervenções de João Moreira no fliscórnio? Basta, na verdade, referir que no final do espectáculo Sheila Jordan o convidou veementemente a actuar em todos os seus concertos em Portugal... juntando-se ao trio Filipe Melo, Bernardo Moreira e Bruno Pedroso, com que a cantora se manifestou sinceramente maravilhada.



"Honeysuckle Rose" alimentou um notável duo entre Sheila Jordan e Maria Viana em que dominaram o scat singing e a boa disposição. Viana esmereou-se e teve aqui um momento marcante da sua carreira e que vai somar-se à actuação ao lado de Al Grey no Jazz Num Dia de Verão de 1989.



Maria João e Sheila Jordan encontraram-se em "I remember you" e de facto lembravam-se bem uma da outra, ou não se tivessem cruzado anos antes em Graz. A interpretação de ambas é memorável, com João e Sheila Jordan a recriarem a letra à sua maneira, introduzindo o seu humor e história de vida.


Depois de duas actuações inesquecíveis de Maria Viana, com a sua emblemática "Inútil paisagem", e Maria João, com uma "Beatriz" tão brilhante que no dia seguinte levou várias pessoas às lojas para obter uma cópia do CD, o espectáculo encerrou com "Confirmation", subindo ao palco as três cantoras para um ensemble que fica na história até porque o CD de gravação já não foi infelizmente suficiente para o registar...

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Foto: JNPDI!/JMS

Por falar em registar, o artista plástico Xico Fran decidiu imortalizar em tela este concerto e o aniversário de JNPDI!, tendo oferecido um impressionante quadro para o espólio deste blogue. Lá se encontram perpetuados alguns dos músicos que participaram no espectáculo. Adicionalmente, Xico Fran ofereceu também a Sheila Jordan um quadro realizado a partir de uma fotgrafia.

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Tela de Xico Fran Foto: JNPDI!/JMS


23h30: regresso aos bastidores


Nos bastidores o ambiente era agora de celebração e festa, com convidados e músicos a partilharem a alegria do momento. Por lá passaram José Duarte, Marta Hugon e muitas outras figuras do nosso jazz, para além dos sempre simpáticos membros do Clube dos Entas, a quem agradecemos pelo apoio continuado que tem dados aos nossos projectos.

Mas, a música não terminara ainda porque Maria João e João Farinha haveriam de regressar ao palco (já em processo de desmontagens) para interpretar em duo uma canção a pedido do autor de JNPDI, o belo "Oceano", de Djavan. Momentos especiais e únicos que ficam para uma vida. Obrigado, João & João!

E assim se fez a festa de JNPDI! e do jazz!

Daqui a 5 anos há mais, mas nunca será ingual à magia deste dia tão especial e inesquecível.

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Foto: JNPDI!/JMS

JNPDI e o seu autor agradecem a Sheila Jordan (grande alma e voz!), Maria Viana, Maria João, Filipe Melo, Bernardo Moreira, Bruno Pedroso e João Farinha (cuja generosidade tornou possível este concerto), à equipa do CCB (incrível e inexcedível!), Rosa Reis (belas fotos!), Xico Fran (não temos palavras para agradecer o quadro!), Mário Silva, Miguel Mendes, Jorge Padeiro, Joana Vann, público, jornalistas, RDP, Hotel Jerónimos 8, colegas bloguistas, sponsors, leitores, família, amigos e a todos que tornaram possível esta celebração. Valeu!



JAZZ NO PAÍS DO IMPROVISO!

CCB, 1-10-2008 / 5.º Aniversário


Caros amigos e amigas do Jazz,

Para além de agradecer a vossa presença neste auditório, permitam-me que como autor do blogue Jazz no País do Improviso! profira umas breves palavras a propósito deste projecto criado há 5 anos.

Não vou maçar-vos com todas as realizações que conseguimos neste período de tempo porque este nunca foi um projecto narcisista ou de ego, mas tão só um ponto de encontro daqueles que gostam de jazz e de música em geral.

Gostaria contudo de explicitar desde logo o porquê deste título: Jazz no País do Improviso! E isto porque provavelmente era mais lógico ou expectável termos ficado pelo inócuo Jazz no País do Fado…

Claro que este é um título que só se compreende sendo português, embora a Sheila Jordan com os poucos dias que leva de Portugal já vá tendo uma ideia do que ele significa…

Ele surgiu contudo em 2003 numa fase muito aguda da vida política, económica e social do país, fase que afinal era apenas o prelúdio do que agora vivemos. Sem citar nomes, direi apenas que este título é da mesma geração do célebre “O país está de tanga” e do “país pântano”.

Ele evoca portanto no autor a ideia desse Portugal improvisado, sem rumo e esperança que atravessa partidos políticos, governos e gerações.

Ao dizer isto, fica desde já claro que Jazz no País do Improviso é mais do que um título: é a contestação diária e pública do país que como cidadão não me interessa construir – o país dos derrotados, dos vencidos, do desenrasca, do logo se vê, do deixa andar, do não vale a pena, do não te esforces, do faz o mínimo ou mesmo do não faças nada que alguém há-de resolver…

Mas não viemos aqui hoje para debater o país e as mentalidades… ainda para mais no Dia Mundial da Música.

Queria dizer-vos apenas que Jazz No País do Improviso é fruto dessa conjuntura de 2003 e surgiu num período que antecedeu o grande boom dos blogues em Portugal. Para este projecto em concreto muito contribuiu a visibilidade que Pacheco Pereira deu ao fenómeno com o seu Abrupto, que é apenas 4 meses mais velho do que JNPDI! Foi isso que nos chamou a atenção para esta poderosa ferramenta de comunicação, que bem pode ser um antídoto do século XXI para a manipulação e toxicidade informativa que caracteriza tantos dos media tradicionais.

Jazz no País do Improviso nasceu inicialmente para partilhar conhecimentos sobre a história do Jazz em Portugal, objecto que estudo com afinco desde então, e honestamente, há cinco anos na minha mente via este projecto como um espaço de comunicação que jamais iria para além da meia dúzia de pessoas. De tal forma que se em 11 de Setembro de 2003, quando publiquei o primeiro post, me dissessem que hoje estaríamos aqui reunidos em torno do Jazz No País do Improviso, digo-vos com toda a franqueza que não acreditaria.

Mas com o passar do tempo e com o feedback positivo de leitores, músicos e editoras, comecei a acreditar que era possível que o blogue fosse realmente uma casa do Jazz na internet. Uma casa por onde já passaram mais de 200 000 visitantes e que regista uma média mensal de 5 000 visitas. E vejam bem que tudo isto sem falarmos uma vez que seja de F-U-T-E-B-O-L ou C-R-I-M-E-S.

Se me perguntarem se estou orgulhoso… não sei o que responder porque na verdade creio que não fiz mais do que aquilo que qualquer um de nós pode fazer se o fizer com dedicação, determinação e honestidade. A mim dá-me muito prazer poder comunicar convosco o que se passa no mundo do jazz e essa é a grande motivação. E dá-me sobretudo prazer poder levar ao público os momentos únicos do passado e do presente desta grande música universal.

Mas… este projecto não é só meu. E por isso mesmo esta é a ocasião para dar-vos a conhecer os rostos e nomes de duas pessoas que estão comigo desde o início e que quero aqui simbolicamente distinguir.

Peço-vos uma salva de palmas para o autor do logotipo e identidade visual do Jazz no País do Improviso: o jovem e talentoso designer, Miguel Mendes!

Peço-vos também uma salva de palmas para o autor dos banners e responsável pelo suporte técnico do blogue: o jovem e promissor comunicador, Mário Silva!

Disse-vos há pouco que este blogue nasceu da minha actividade de pesquisa sobre a história do Jazz em Portugal. Pois bem, hoje quero aqui homenagear a pessoa que permite que hoje olhemos de frente para o passado do jazz entre nós.

Jazz No País do Improviso presta hoje pública homenagem aquele que é um grande Amador de Jazz e entusiasta da fotografia e a quem se devem as primeiras imagens deste género musical em Portugal nas décadas de 40, 50, 60 e 70, retratos de uma história que sem o seu contributo seria apenas uma ténue e desfocada memória.

Uma salva de palmas para “the one and only”, Augusto Mayer.

E agora, Sheila Jordan… confesso que tenho dificuldade em exprimir por palavras a honra que é apresentar-vos esta cantora histórica, criativa e ousada, que tão bem sabe o que é pagar o preço da diferença e da fidelidade a si mesma e à sua música. Esta grande alma que cresceu musicalmente com Charlie Parker e que aos 79 anos cruza o Atlântico várias vezes por ano para fazer aquilo de que mais gosta: cantar jazz.

Esse prazer é redobrado pela presença neste palco de alguns dos músicos portugueses num quarteto constituído propositadamente para a sua digressão em Portugal, que hoje aqui se inicia. Se dúvidas houvesse, digo-vos que Sheila Jordan está absolutamente encantada com eles e com o seu talento e capacidades.

E como se não bastasse… Maria Viana (a nossa Billie Holiday) e João Moreira (o nosso Miles Davis).

E como se não bastasse… Maria João e um pianista da nova geração, o João Farinha.

Hão-de convir que neste país do improviso, improvisámos um programa realmente extraordinário. E que trabalho dá improvisar!

Aliás, devo confessar, que hoje me comovi quando abri o Diário de Notícias e vi o destaque que o jornal deu ao concerto e a Sheila Jordan, a quem tanto me orgulho de proporcionar o primeiro palco em Lisboa.

Este concerto não seria possível sem a fabulosa (e o adjectivo não é exagerado) colaboração da equipa do Centro Cultural de Belém, que desde a primeira hora acarinhou a ideia. Um agradecimento muito especial é devido ao Dr. Miguel Coelho.

E, sem mais demoras, os vossos aplausos para Sheila Jordan and Friends!!

1 Comments:

At sexta nov. 14, 03:05:00 da tarde 2008, Blogger odete pinto said...

O melhor comentário posso deixar é a transcrição de quatro pensamentos profundos de Confúcio:

"O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros.

"Escolha um trabalho que ama e não terá que trabalhar um único dia em sua vida."

"O que eu ouço, esqueço. O que eu vejo, lembro. O que eu faço, aprendo."

"Saber o que é certo e não fazê-lo é a pior covardia."

 

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