6 de maio de 2010

DESBUNDIXIE: Up 2 Nine

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Depois de um bem sucedido CD de estreia, lançado em 2007, os simpáticos e bem-dispostos Desbundixie lançaram recentemente Up 2 Nine. O título deste trabalho deriva dos dois convidados - Maria João e Filipe Melo - que se juntam neste disco aos sete músicos que constituem o grupo.

Como o próprio designativo deste ensemble indica, estamos aqui perante uma banda especializada em tocar Dixieland, ou seja, o género de jazz que se tocava em Nova Orleães no início do século XX e que ainda hoje se mantém vivo um pouco por todo o mundo graças precisamente a grupos como os Desbundixie. É um jazz popular, comunicativo, "hot" e marcado pela improvisação colectiva.

O primeiro aspecto que salta à vista neste novo CD é desde logo o excelente trabalho gráfico que Pedro dos Santos realizou para a sua capa e interior, o que coloca esta edição de autor entre as mais cuidadas a este nível no âmbito do jazz nacional, sendo de realçar, por exemplo, os pormenores do verniz localizado a desenhar padrões embelezadores. Claro que o mais importante é sempre a música, mas uma boa embalagem é também, e cada vez mais, uma importante parte do todo estético que é um disco, contribuindo para comunicar a sua essência, pelo menos em teoria pois muitas capas pretendem apenas ser instrumentos de marketing, o que não é o caso aqui.

Quanto à música, parece-nos que este disco marca um passo em frente nos Desbundixie, que surjem aqui mais maduros, mais coesos, mais completos, talvez fruto da experiência que nos últimos 2 anos têm acumulado a animar festivais, festas e concertos um pouco por todo o país. O repertório é, aliás, muito bem escolhido, revelando clássicos como "Muskrat ramble", "Georgia on my mind", "Struttin' with some barbecue", "After you've gone" e "Hello Dolly.

As participações de Maria João em "Baby, won't you please come home" e "What a wonderful world", e de Filipe Melo neste último tema e também em "Sweet Georgia Brown" e "West end blues" revelam-se uma importante mais valia para este CD e, sobretudo, para os seus ouvintes.




Aqui temos, pois, o exemplo de um grupo que se profissionalizou rapidamente e que com muito trabalho e dedicação tem conseguido afirmar-se no panorama do jazz nacional, cumprindo um papel muito específico que é o de levar bom jazz tradicional e um ambiente de festa pelas salas e festas de todo o país. Faz falta este tipo de grupos não só pela comunicatividade da sua música, mas sobretudo porque ajudam a manter viva a tradição do jazz como música popular!

Em tempo de crise e desânimo, nada melhor do que estes 52 minutos vitaminados de jazz alegre e de esperança.


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